Ouvidos atentos: além dos pacientes, médica escutou muitas histórias de amor
Autora Ana Marice Ladeia conta como encontrou relatos de mulheres reais e a expectativa de outro lançamento
Ana Marice Ladeia é mãe, médica cardiologista, professora e agora escritora. Mostra que ninguém precisa se enquadrar em um estereótipo profissional, todas podem ser múltiplas e fazer o que quiserem. E foi na pandemia que a autora decidiu transformar o sonho em realidade. Próxima de completar 60 anos, apaixonada por literatura, quis provar para si mesma que sempre há tempo para alcançar objetivos.
À noite trocava o jaleco pela caneta e os ouvidos atentos aos relatos das pacientes e amigas próximas deram espaço para lembranças de amor. Assim nasceu o livro Do Amor e do Amar: Histórias de Mulheres Reais Como Você, cheio de experiências reais de mulheres diferente e de todas as épocas. Na entrevista a seguir, Ana Marice conta um pouco sobre ela, o livro e a possibilidade de lançar mais um sucesso.
A sua trajetória e experiências na vida pessoal te inspiraram a se aventurar em uma obra literária? O que te motivou a escrever esse livro que mostra o interno feminino?
Ana Marice: Eu cresci em um universo com muitas mulheres. Tenho cinco irmãs e tinha apenas um irmão, que faleceu há 6 anos. Sem contar as nove tias e as primas com quem partilhei minha adolescência. Tudo isso me fez muito próxima do mundo interior das mulheres ao observar suas vidas, ouvir suas conversas e dividir experiências. Minha mãe é uma grande inspiração e um dos contos é uma parte da sua vida.
Durante a pandemia, senti que algo dentro de mim precisava falar. Decidi que escreveria sobre amores e relacionamentos de mulheres diversas, de histórias vividas em tempos diferentes, através de depoimentos reais. Eu queria que esse livro fosse meu presente de 60 anos.
Como foi o processo criativo? Pode contar um pouco sobre como ouviu essas mulheres, algum momento neste processo te marcou mais?
Ana Marice: Alguns depoimentos vieram de forma espontânea. Outros vieram pelos descendentes, filhos, netos. Também vivi situações que me “capturaram” e provoquei os relatos. Por exemplo, eu estava em uma loja de eletrodomésticos quando conheci duas garotas que me inspiraram a escrever “o Amor Tempos Nos do Tinder”. Eu ouvi a conversa delas, falei sobre o meu livro, trocamos contato e nasceu o conto.
Uma outra mulher disse que faria o depoimento quando estivesse pronta para me revelar um segredo da sua vida. Um dia ela me chamou para tomar um café, contou sua história e depois me agradeceu pela chance de levar sua experiência para outras mulheres. Momento de empatia e sororidade que deu origem ao conto “Eterno Segredo”.
Você é médica cardiologista, professora, mãe de três filhos e agora escritora. Como está sendo conciliar tudo?
Ana Marice: Quando meus filhos nasceram, eu já era cardiologista e professora. Fui encontrando fórmulas de incluir meus filhos na minha rotina pré-existente. Posso dizer que sou uma boa mãe.
A escritora sempre morou em mim. Eu escrevi esse livro, na maioria das vezes, à noite, depois que eles dormiam ou nos fins de semana. Agora faço a publicidade do meu livro com a venda direta porque adoro fazer a dedicatória pensando no perfil da pessoa que vai ler. Muitas se emocionam desde a dedicatória....
Por causa dessas múltiplas atividades, muitos alunos meus do doutorado me perguntam se sou “meta humana”.
Dá pra dizer que você é uma grande especialista do coração, tanto do órgão quanto da alma? Cuidando da saúde do coração e contando histórias de amor. Como é trabalhar com esses dois lados do coração?
Ana Marice: Eu acredito que sou uma boa médica, do ponto vista técnico e de conhecimento, mas que também tenho uma boa escuta dos meus pacientes, é o momento para conhecer almas. Eu não trato doenças, trato pessoas que tem uma doença. Quando a pandemia diminuiu, os pacientes tinham muito mais queixas da alma do que do órgão. Eu como médica e ser humano não poderia ignorar a “dor da alma”.
Não existe a cardiologista que cuida do órgão e a escritora que fala do amor. Existe a Ana Marice, uma mulher que é cardiologista, que é mãe, que é professora, pesquisadora e que escreveu um livro falando do amor e do amar. Subverti a ideia que tinham de mim, limitada ao estereótipo profissional.
É o seu primeiro livro e o lançamento já vai ser na Bienal. Como que tá a expectativa para a repercussão do livro no evento? Pretende lançar mais obras?
Ana Marice: Eu já fiz dois lançamentos e em todos eu tive um grande retorno. As pessoas me enviaram feedbacks incríveis e emocionados sobre meu livro. Mas a maioria já me conhecia. Meus leitores já estão pedindo o segundo livro. Muitas, inclusive, se candidataram a me dar depoimentos. O próximo livro já está na cabeça e no coração, agora é só dar corpo e alma às ideias.
Enquanto o próximo livro não vem, o livro atual pode ser adquirido na Amazon e www.asabeca.com.br
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