Brasilidade é a melhor estratégia para conquistar turistas na Copa
Sarah Albrecht é uma estudiosa do comportamento empresarial brasileiro. Em 2013, foi contratada pelo Sebrae Nacional para aplicar a técnica do cliente oculto em estabelecimentos de turismo, comércio e serviços, localizados em Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Rio de Janeiro, quatro cidades-sede da Copa das Confederações, realizada pela Fifa no ano passado.
Os resultados da sondagem feita pela especialista, que se fez passar por uma turista estrangeira, surpreenderam e surtiram tanto efeito que a pesquisa foi estendida para Manaus e Maceió, atingindo cerca de 500 estabelecimentos no total. A falta de brasilidade em produtos e em serviços foi o principal problema detectado por Sarah Albrecht ao medir o atendimento dados aos turistas no País.
“Os empresários brasileiros já têm, em seus produtos e serviços, potencial para atrair os turistas estrangeiros, porém falta explorar melhor a brasilidade de tudo isso”, disse a especialista, em Foz, sugerindo aos empresários uma releitura de seus empreendimentos. “É uma nova forma de enxergar seus produtos e serviços, algo que pode ser feito em curto prazo sem nenhum custo.”
Para ela, relacionar os produtos e serviços à identidade e característica brasileira é fundamental para lucrar durante a Copa, sobretudo porque os estrangeiros esperam passar por experiências autenticamente brasileiras em tudo que comprar ou consumir. Sarah Albrecht contou aos empresários uma de suas experiências como turista estrangeira disfarçada.
Numa loja de bijuterias, ela pediu algo que fosse brasileiro. Entre as peças expostas, havia um pingente com a imagem de Nossa Senhora da Aparecida. Entretanto, em nenhum momento, a peça lhe foi oferecida como opção. O esforço de venda ficou concentrado em adereços que ela poderia encontrar em qualquer outro país que visitasse. “A importância da santa padroeira, para os brasileiros, deveria ser argumento de venda, mas não foi. A brasilidade vai além do verde amarelo, vai além do trivial.”
A falta de apelo à brasilidade é um problema que precisa ser equacionado, no seu entendimento. Algumas vezes, não é necessário incluir brasilidade nos produtos, mas simplesmente resgatar a brasilidade, as características da identidade nacional que os produtos já têm. “Em vez de oferecer um limão como fruta típica, que é conhecido e produzido no mundo inteiro, por que não valorizar o cajá?”, provocou Sarah Albrecht.
Simpatia na dose certa
Na avaliação da especialista, os empresários e suas equipes precisam pensar com a cabeça dos turistas, pensar no que eles vão querer levar para casa. Outra situação apresentada por Sarah Albrecht, durante a palestra técnica no Hotel Show, foi com relação ao idioma. Antes da sondagem, esperava-se que o principal fator de insatisfação dos turistas estrangeiros seria a falta de idiomas no atendimento. No entanto, verificou-se que “esse não foi o grande problema”.
Sarah Albrecht disse acreditar que, de certa forma, o turista estrangeiro já espera por esse déficit de idiomas. “Isso não é um obstáculo, porque essa carência pode ser neutralizada, e foi em muitos casos apurados no cliente oculto, com a simpatia do brasileiro, com a vontade de atender, com a vontade de não perder o cliente”, avaliou a especialista. “A proatividade e a hospitalidade levam ao ato de compra.”
Aprendizado que fica
Para Aldo Cesar Carvalho, coordenador estadual do Programa Sebrae 2014, iniciativa que, desde 2011, prepara empresários de micro e pequenas empresas paranaenses para as oportunidades da Copa, a palestra de Sarah Albrecht deixou inúmeras lições. “A principal foi que os empresários perceberam, com os resultados da pesquisa do cliente oculto, que não é preciso reinventar seus negócios ou mudá-los radicalmente, para conquistar a confiança dos turistas estrangeiros tanto na Copa, como depois dela.”
O coordenador estadual acredita que simples mudanças, seguindo os ensinamentos da especialista, podem fazer a diferença nos produtos e serviços oferecidos, sobretudo naquelas empresas que já estão organizadas com planejamento e gestão. “A brasilidade está em nós mesmos e não é tão difícil de ser percebida. Nos negócios, a regra também vale. Os empresários precisam ficar atentos para imprimi-la naturalmente. É isso que atrai as pessoas que vêm de fora em busca de experiências. E é isso que tornará cada vez maior a procura dos turistas pelo Brasil”, disse Aldo Carvalho.
Sobre o Sebrae/PR
Para quem já é ou quer ser empresário, o Sebrae/PR – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná é a opção mais fácil e econômica de obter informações e conhecimento. Criado na década de 1970, o Sebrae apoia as decisões dos empresários, dos potenciais empresários e dos potenciais empreendedores, no campo e na cidade, porque é a instituição que entende de pequenos negócios e possui a maior rede de atendimento do País. Ao todo, são 27 unidades e aproximadamente 600 postos de atendimentos espalhados de norte a sul do Brasil. No Paraná, conta com seis regionais e 11 escritórios. A instituição chega aos 399 municípios do Estado por meio de atendimento itinerante, pontos de atendimento e de parceiros locais, como associações, sindicatos, cooperativas, órgãos públicos e privados. O Sebrae/PR oferece palestras, orientações, capacitações, treinamentos, projetos, programas e soluções empresariais, com foco em desenvolvimento de empreendedores; impulso a empresas avançadas; competitividade setorial; promoção de ambiente favorável para os negócios; tecnologia e inovação; acesso ao crédito; acesso ao mercado; parcerias internacionais; redes de cooperação; e formação de líderes.