"A Cidade dos Abismos" faz estreia nacional no festival Olhar de Cinema
Com elenco surpreendente, longa traz atuação de Verónica Valenttino, vocalista da banda Verónica Decide Morrer, e participações de padre Júlio Lancelotti e Arrigo Barnabé
Filme será exibido na 10ª edição do Olhar de Cinema — Festival Internacional de Curitiba
Verónica Valenttino (Glória) e Arrigo Barnabé (Armando) fazem dueto na música original "Virgem Jubilar", que o compositor criou especialmente para o longa-metragem
Após estrear no prestigiado festival IndieLisboa, em Portugal, “A Cidade dos Abismos”, dirigido por Priscyla Bettim e Renato Coelho, será exibido pela primeira vez no Brasil nesta sexta-feira (08/10) no Olhar de Cinema — Festival Internacional de Curitiba. Estrelado por Verónica Valenttino, vocalista da banda Verónica Decide Morrer, com participações especiais de padre Júlio Lancellotti, do compositor Arrigo Barnabé e do poeta Claudio Willer, o filme fará parte da mostra Novos Olhares, dedicada a longas experimentais e com propostas estéticas ousadas.
A obra, rodada no centro da capital paulista, em locais como a Rua do Triunfo, berço do cinema marginal, traz a história de três personagens que têm seus destinos entrelaçados depois de um evento trágico em plena noite de Natal. Com estética e narrativa fragmentadas, "A Cidade dos Abismos" alude a produções como "Bang Bang" (Andrea Tonacci, 1971) e "Filme Demência (Carlos Reichenbach, 1986). "Tentamos retratar uma São Paulo espectral e atemporal. Uma cidade dos marginalizados, onírica e poética. E não conseguiríamos essa aura com câmeras digitais", explica a roteirista e diretora Priscyla Bettim sobre a opção de trabalhar com película, mesmo com baixo orçamento. "Mais que uma questão visual, porque para isso poderíamos usar filtros [em programas de pós-produção], a película é um método de filmar. Tem um tempo diferente, o processo é muito mais artesanal", afirma Renato Coelho, que co-dirigiu o longa.
Nas palavras do cineasta Joel Yamaji, um dos trunfos do filme é justamente resgatar a atmosfera cinematográfica. "Prolifera em nosso cinema, justificável pelas circunstâncias históricas do momento, uma retórica sustentada na explicitação do conteúdo, de natureza descritiva. Abdica-se do mistério pelas evidências da clareza; da comunicação emotiva pela ilustrativa e da estatística. 'A Cidade dos Abismos' desponta como exceção [...]."
Segundo Priscyla Bettim, a ideia do filme vem de uma experiência pessoal: "É baseado numa mulher trans que conheci numa noite na rua Rego Freitas [na região central de São Paulo]. O filme mistura essa homenagem a ela com o momento político, em que os marginalizados se tornam ainda mais marginalizados."
Além de Verónica Valenttino, que faz o papel da travesti Glória, o elenco conta com as atuações da atriz Sophia Riccardi, como Maya, a melhor amiga de Glória; do congolês Guylain Mukendi, que interpreta um refugiado dono de um bar no centro de São Paulo; e da atriz do Teatro Oficina Carolina Castanho, que faz Bia, uma jovem de classe média. Em sua participação, Padre Júlio Lancellotti interpreta a si mesmo ao rezar uma missa de sétimo dia encomendada por Glória.
A trilha sonora é assinada por Arrigo Barnabé (em parceria com Vitor Kisil). O compositor, que também atua no filme como Armando (amigo da Glória), criou uma música original para o longa, "Virgem Jubilar", que canta junto com Verónica.
A sessão online de "A Cidade dos Abismos" acontece nos dias 08/10 (sexta-feira) e 12/10 (terça-feira). Os ingressos custam R$5 e estão à venda pelo site do Olhar de Cinema — Festival Internacional de Cinema Curitiba. Os filmes ficam disponíveis das 6h do dia de exibição até as 5h59 do dia seguinte.
Sinopse: Glória, mulher trans, Bia, jovem da classe média paulistana, e Kakule, imigrante africano, testemunham uma morte brutal na véspera do Natal. O evento, vivenciado num bar decadente da capital paulista, muda o destino de suas vidas. Embora mal se conheçam, uma aliança é formada ali. Indignados com os rumos da investigação do crime, os três se recusam a ceder à injustiça e decidem ir atrás dos algozes. No filme, a inevitável descida ao inferno é permeada pela amizade e pelo afeto. E as utopias continuam vivas mesmo quando o corpo padece.
Elenco principal:
Verónica Valenttino — Glória
Sofia Riccardi — Maya
Carolina Castanha — Bia
Guylain Mukendi — Kakule
Ficha Técnica:
Roteiro: Priscyla Bettim
Direção: Priscyla Bettim & Renato Coelho
Assistência de Direção: Marco Escrivão
Produção Executiva: Renata Jardim, Renato Coelho
Direção de Produção: Renata Jardim
Assistência de Produção: Pedro Russo, Rafael Gonzaga
Direção de Fotografia: Rodrigo Pannacci
Direção de Arte: Bira Nogueira
Montagem: Caio Lazaneo
Figurino: Leide de Castro
Som Direto: Marina Bruno
Colorização: Gabriel Ranzani
Trilha Sonora: Arrigo Barnabé, Vitor Kisil
Tradução e Legendagem: Lucas Bettim, Renan Carvalho
Finalização: Caio Lazaneo
País: Brasil
Ano: 2021
Duração: 96 minutos
Sobre os diretores:
Priscyla Bettim e Renato Coelho são realizadores, pesquisadores e professores. Vivem e trabalham em São Paulo. Se interessam sobretudo pelo cinema em película e experimental, tendo realizado curtas-metragens como "Visão 2013 Para Roberto Piva" (2013), "Trem" (2015), "A Propósito de Willer" (2016) e "Sem Título #2: Verónica Valenttino" (2020). Juntos formam a produtora Cinediário. "A Cidade dos Abismos" é o primeiro longa da dupla.
Sobre a produtora:
A Cinediário é uma produtora de cinema e audiovisual independente sediada na cidade de São Paulo, Brasil. Fundada em 2013 por Priscyla Bettim e Renato Coelho, atua na realização de filmes, mostras de cinema, cursos e projetos de formação. Tem em seu currículo mais de 20 curtas-metragens, como “Landscape” (de Luiz Rosemberg Filho, 2017) e “A propósito de Willer” (de Priscyla Bettim e Renato Coelho, 2016, contemplado pelo Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem SP), entre outros, exibidos em festivais e mostras de cinema no Brasil e no exterior. Tendo como foco o universo de filmes experimentais e/ou autorais, grande parte da sua produção trafega pela pesquisa da linguagem no cinema analógico, filmes ensaios, filmes diário, e ficções que buscam dialogar com um cinema de invenção.
Sobre a Distribuidora:
A Boulevard Filmes é uma produtora e distribuidora audiovisual que busca o equilíbrio entre projetos autorais e demandas de mercado, focando estratégias de produção e de distribuição compatíveis com cada projeto. Entre seus lançamentos comerciais estão os longas “Amor, Plástico e Barulho” (Renata Pinheiro), "Histórias que nosso cinema (não) contava" (Fernanda Pessoa), "Legalidade" (Zeca Brito), "Açúcar" (Sergio Oliveira, Renata Pinheiro) e "Sol Alegria" (Tavinho Teixeira).
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