Você sabe escrever? Ou pensa que sabe?
Um estudo do Ibope Inteligência e da ONG Ação Educativa, realizado em 2018, estima que 29% dos jovens e adultos brasileiros de 15 a 64 anos (cerca de 38 milhões de pessoas) sejam analfabetos funcionais - aqueles que até sabem ler e escrever textos, mas não conseguem interpretá-los.
Uma das ferramentas mais poderosas utilizadas na comunicação é a escrita e saber escrever com clareza é um diferencial. Na linguística, o gênero é muito importante, ou seja, saber o que cada texto deve contemplar para que a comunicação fique clara e seja interpretada da maneira correta. De maneira geral, a comunicação escrita precisa ser como uma atividade interativa, que tem uma expectativa em relação a quem vai receber a informação.
Para falar sobre o assunto, quero sugerir a especialista em comunicação Vivian Rio Stella, Doutora em Linguística pela Unicamp, com pós-doutorado pela PUC-SP, especialista em comunicação e coordenadora do comitê de Comunicação Digital da Aberje. Idealizadora da VRS Academy.
Sugestão de perguntas:
1. Como podemos melhorar a clareza na comunicação?
2. Por que é importante saber a maneira correta de escrever em cada canal de comunicação?
3. Quais são os três mitos que atrapalham na clareza da escrita?
4. Quais são os principais erros na escrita que não permitem clareza?Você sabe escrever? Ou pensa que sabe?
*Vivian Rio Stella
Uma das ferramentas mais poderosas e utilizadas na comunicação é a escrita e saber escrever, na realidade, passa por alguns fundamentos importantes. Em primeiro lugar, é preciso ter clareza quanto à abordagem que deve ser usada em cada canal: e-mail, mensagens por aplicativo, relatórios, artigos, textos jornalísticos e cartas, por exemplo, precisam ser escritos de maneiras diferentes para transmitirem a mensagem desejada.
Para além disso, existem três mitos que fundamentalmente rondam a competência de escrever e que mais atrapalham que ajudam. O primeiro é achar que a gramática correta, por si só, garante um bom texto. É claro que conhecer as regras gramaticais é importante, mas isso não é suficiente para que a escrita seja clara e concisa. Há textos que são gramaticalmente corretos mas que não têm clareza e, portanto, não atingem o seu objetivo.
Outro mito é em relação ao domínio do conteúdo. Muitas pessoas pensam que saber muito sobre o assunto garante uma boa escrita e isso é algo que herdamos dos tempos de escola, em que as aulas de redação são focadas, muitas vezes, no desenvolvimento de temas. Argumentação, fundamentação, dados e informações relevantes são o ponto de partida, mas só dominar o conteúdo não necessariamente garante um texto de qualidade.
O terceiro é pensar que o texto é um produto acabado, que quem escreve bem o faz de primeira e não precisa mexer mais no material. Na verdade, é o contrário: quem domina a escrita faz, reformula, apaga, edita, altera a ordem das palavras e dos parágrafos. Escrever bem, às vezes, é sobre escrever páginas e depois apagar para fazer reformulações com o objetivo de atender às necessidades daquela mensagem.
O texto é um processo, uma atividade verbal. Edições e reformulações são essenciais para que ele fique a contento. Além disso, é importante pensar no que o leitor espera e o que ele não espera ver no texto. Um e-mail, por exemplo, não deve ser prolixo e conter muitas informações, porque é um canal de comunicação rápida. O mesmo acontece com os aplicativos de mensagens, que são mais interativos e, portanto, não devem ser usados para textos longos.
Na linguística, o gênero é muito importante. Trata-se, basicamente, de um termo técnico para falar sobre o que cada texto deve contemplar. Além disso, textos têm movimentos e, para isso, o uso de algumas técnicas é fundamental, como a inserção de pronomes, expressões e conectivos para encadear as informações de forma que elas façam sentido.
De maneira geral, portanto, devemos encarar a comunicação escrita de uma forma mais processual, como uma atividade interativa, que tem uma expectativa em relação a quem vai receber a informação, além de levar em conta as técnicas que têm a ver com os movimentos do texto. É importante encarar dessa maneira e deixar de lado os mitos do texto muito gramatical, muito conteudista ou como produto.
Sobre Vivian Rio Stella
Doutora em linguística pela Unicamp, com pós-doutorado pela PUC-SP, especialista em comunicação e coordenadora do comitê de Comunicação Digital da Aberje. Idealizadora da VRS Academy. Professora da Casa do Saber, da Aberje e da Cásper Líbero. Começou a realizar textos e produzir materiais didáticos e a dar curso sobre redação e e-mails. Por anos corrigiu redações da Unicamp. Do mundo acadêmico queria migrar para o mundo corporativo e depois de anos como consultora montou a VRS, que completa em 2021 oito anos, para ministrar seus próprios cursos e empreender com liberdade.
Sobre a VRS Academy
Consultoria de ensino corporativo há 7 anos no mercado. A partir de palestras, rodas de conversas, jornadas e workshops customizados para as empresas, a VRS trabalha com o conceito de Lifelong Learning - aprender é para toda a vida. Com a convergência de mídias, a consultoria realiza diversas ações que estimulam a interação efetiva dos participantes, saindo do piloto automático e construindo as competências necessárias. A VRS conta com uma rede de facilitadores que têm experiências tanto no universo acadêmico quanto no corporativo. As ações da consultoria são integradas, utilizando técnicas didáticas, inovadoras e criativas.
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(11) 97149-9950

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